Recordar também é inventar


  A Missão consistia em associar a cada objecto uma memória, mas alguns preferiram acrescentar um ou dois pontos ao seu conto...



      Humor ou história, cada um falou sobre o objecto que lhe calhou, invocando uma memória ou inventando um cenário. Paulo, a quem calharam orelhas de coelho, contou a história de uma foto de grupo, onde um colega com orelhas parecidas fez chichi nas cuecas sem querer. Cátia enganou-se no seu objecto: confundiu-o com um chapéu de toureiro, mas ele seria qualquer coisa como um chapéu das tropas napoleónicas.

     Pedro, com um chapéu de Aladino, contou uma história sobre desejos e altruísmo, onde o protagonista trocou todos os desejos por um só: amor no mundo. Miguel também falou sobre a magia escondida numa simples peruca de palhaço. As suas cores, as do arco-íris, são poesia. Os colegas não podem acusá-lo de ser pouco económico, visto que até aproveitou as frases decoradas na Missão que fizeram em pares românticos e voltou a citar Shakespeare. Terminou a actuação com um pedido: «Façam o favor de ser felizes».

      Daniela P., a quem foram atribuídas luvas de boxe, contou como admirava os dois irmãos e estava sempre a tentar ser como eles, mas também aproveitava para lhes estragar os brinquedos quando não a incluíam. Apesar de não gostar de violência, as artes marciais sempre a fascinaram.

      Fanny, com o seu chapéu de apicultor, contou um episódio menos feliz com abelhas, à beira da piscina, que terminou com uma visita ao hospital. Teresa usou as suas asas de borboleta verdes com orgulho e agradeceu às fadas madrinhas por ajudarem as suas princesas e príncipes a concretizar os seus desejos.

      João J. ficou com um chapéu de bruxa e manifestou a sua desilusão para com o Carnaval, recordando o dia em que, ainda miúdo, se mascarou de tartaruga ninja. Sónia falou sobre a sua descendência espanhola, de castanholas na mão. A família da parte do pai fugiu de Espanha por causa da guerra civil. Daniela S. também tinha família e amigos em Vigo e contou uma história dos seus tempos de adolescente: numa bonita noite de Verão, foi a um concerto com as amigas. Regressou a casa e dormia tranquilamente na sua cama, quando todos a julgavam desaparecida e andavam à sua procura.

      João M. ganhou umas algemas e partilhou as memórias de um relacionamento menos feliz, que via como um paraíso, mas era na realidade uma prisão. Onde está a chave para a liberdade? No coração de cada um de nós, diz. João F. contou a história de Carlinhos, um aluno cabeçudo que não gostava da sua alcunha. Hoje também tivemos uma visão de como Susana era em pequenina, não só por fazer anos, mas porque o objecto que lhe calhou foi um par de óculos. Quando era pequena, era franzina, conta, e usava uns parecidos. Aquilo que é hoje foi a tentativa de mudar e cuidar melhor da sua imagem.

      Marco, de fada de condão, arrastou Pedro e Ricardo para uma história improvisada, onde ele era a fada madrinha. Carlos usou o chapéu de polícia como inspiração para uma anedota sobre um polícia que queria mudar de vida, mas pediu demais.

      Cleide diz que não é a advogada do diabo - esse não é o seu segredo - mas certa vez, quando tinha 13 anos, mascarou-se de diabinho e foi para uma festa à noite na escola secundária. Esteve duas horas a preparar-se, mas a ideia de pintar o cabelo de vermelho não foi das melhores que teve... Ricardo tinha um nariz de palhaço e admite que sempre foi um brincalhão.

      No final de contas, a Voz achou que nenhuma das apresentações primou pela originalidade ou criatividade. Sónia e Cleide foram, contudo, as que fizeram as provas mais fracas. Como castigo, 1.000 euros foram retirados das suas contas.

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